terça-feira, 5 de maio de 2015

Como Manter a Sanidade na Era Digital

O que precisamos é de uma tecnologia que possa ser usada para reduzir o desejo – e o Watch não é um mau começo. O que o relógio da Apple oferece, acima de tudo, é restrição: no tamanho da tela, na duração de bateria, nas funcionalidades. É uma tecnologia que permite uma pessoa minimizar a Era das Notificações – ao desligar os alertas ou personalizá-los de forma que soem apenas por meio de ligações importantes. O relógio pode armar barreiras entre você e as notificações; entre você e o smartphone; entre você e a Era da Distração.
Com certeza há um elemento de "solucionismo" aqui – aquele termo usado por Evgeny Morozov para se referir à busca de uma solução tecnológica quando talvez ela não seja necessária. Mas o que o exemplo do Walkman e iPod sugere é que a tecnologia não corrompe um estado ideal, arruinando, por exemplo, a calmaria da ida ao trabalho com fones de ouvido; ele dá a entender que a tecnologia muitas vezes é uma reação a uma série de circunstâncias que a própria tecnologia criou.
É possível, então, que um relógio inteligente ofereça algum controle sobre nossas dependências a fim de torná-las úteis novamente? O Apple Watch talvez não seja esse aparelho. Talvez ele seja mágico demais – ele tem aquele DNA da Apple que nos induz ao uso compulsivo – para funcionar como uma maneira de controlar o desejo de distração. Mas talvez o conceito do relógio inteligente faça isso no futuro: dentro da limitação de sua tela, no espaço entre o pulso e o bolso, possamos encontrar uma barreira entre nós mesmos e um mundo feito para nos distrair incessantemente.
Tradução: Thiago “Índio” Silva

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