sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Propaganda de Triton com violência contra a mulher gera polêmica

A violência contra a mulher não é tabu, nem estereótipo, é CRIME. O caso Triton e o resultado do CONAR.
Em setembro de 2009, a Triton lançou essa campanha aí abaixo, que chocou muito a mim e a muita gente que frequenta o blog. Afinal, o que passa pela cabeça de uma pessoa que cria uma peça como essa (além de falta de criatividade e plágio do que existe de pior na moda internacional)?
... 




 Confira a seguir:

Disponibilizamos o link para contato com o CONAR, que regula “informalmente” as propagandas no Brasil.

Fonte da imagem: Link Origins

Cerca de 40 pessoas reclamaram e – em maio de 2010 – a instituição decidiu “pela alteração das imagens, ressaltando que devem ser retiradas todas as cenas que reflitam desrespeito, preconceito e violência contra a mulher”.
Vejam o resumo do caso, como publicado no site da CONAR:
“Coleção Triton”

Representação nº 236/09 Autor: Conar, a partir de queixa de consumidor Anunciante: Triton Relatora: conselheira Cláudia Wagner Sexta Câmara Decisão: Alteração Fundamento: Artigos 1º, 2º, 6º, 14, 17, 19, 20, 21, 22, 26 e 50, letra “b” do Código

Cerca de 40 consumidores, de diversos Estados brasileiros, reclamaram ao Conar da campanha da Triton veiculada na internet para divulgar a nova coleção da marca. O ponto fundamental das queixas é que os anúncios fazem apologia à violência contra a mulher, principalmente em relação às imagens apresentadas.

A empresa contestou as denúncias, justificando tratar-se de uma campanha de visão artística e sem qualquer tipo de apologia à violência contra a mulher. Justifica ainda que a tendência mundial de provocar o público com imagens que brincam com tabus e estereótipos ganha as páginas das revistas de moda mais conceituadas do mundo, obtendo resultados razoáveis.



Para a relatora, os consumidores reclamantes têm razão. Ela observa, em seu parecer, que a referida publicidade retrata cenas desprezíveis do ponto de vista ético e moral, entre elas, a imagem que mostra um homem segurando um machado enquanto uma mulher parece acariciá-lo, e a cena que exibe um rapaz demonstrando sua força bruta sobre a mulher enquanto expressa seu domínio sexual.

A manifestação da relatora, acatada por unanimidade, foi pela alteração das imagens, ressaltando que devem ser retiradas todas as cenas que reflitam desrespeito, preconceito e violência contra a mulher.

É muito bom que a conselheira Cláudia Wagner tenha reconhecido que uma campanha como essa da Triton reflete “desrespeito, preconceito e violência contra a mulher” e a parabenizamos pela sua decisão.

Mas, fiquei irritada com a postura da empresa. Poderia ter reconhecido seu erro, imediatamente, ao receber tantas reclamações (que foram enviadas também ao site da Triton) e retirado a campanha do ar, sem tentar justificar o injustificável. Ao invés disso, alegou ao CONAR (como mostra o relatório acima), que era:
“uma campanha de visão artística e sem qualquer tipo de apologia à violência contra a mulher. Justifica ainda que a tendência mundial de provocar o público com imagens que brincam com tabus e estereótipos ganha as páginas das revistas de moda mais conceituadas do mundo, obtendo resultados razoáveis.”
Vender roupas às custas da exploração da imagem da mulher sendo morta, violentada ou agredida, não tem nada de artístico ou provocador, como querem que pareça, é somente misógino e sem imaginação.

Sim, a Triton macaqueou uma “tendência”, imbecil, anti-ética e que, de moderna, não tem nada.  Não é novidade a imagem da violência contra a mulher em campanhas da indústria da moda. Esses são alguns exemplos, sobre os quais já falamos muito aqui  no blog:


Não é porque a Vogue publica um editorial como esse “obtendo resultados razoáveis” (me pergunto quais e razoáveis para quem!), que vamos ser forçados a engolir essa mesma estupidez no Brasil.
Ao contrário do que pensa a Triton (e, provavelmente, a Vogue),  aviolência contra a mulher não é “tabu”, nem “estereótipo”, é CRIME.

No mês passado, a UNESCO declarou que a violência contra a mulher está tomando dimensões epidêmicas, “uma em cada três mulheres no mundo foi objeto de violência física, manteve relações sexuais forçadas ou foi vítima de maus tratos em sua vida”.

No Brasil, mais de 2 milhões de mulheres são espancadas por ano, ou seja uma cada 15 segundos. A referência à violência contra a mulher, em outdoors, sites e revistas, para vender produtos não pode, jamais, ser considerada “brincadeira” ou “provocação”, como quis a Triton.

Repito, que bom que o CONAR reconheceu que estávamos certos de reclamar. Mas, francamente, de que adianta a proibição da propaganda oito meses depois? àquela altura, a empresa já tinha veiculado as imagens à vontade, pelo tempo que planejava, e deu sua contribuiçãozinha pra a glamourização da mulher sendo assassinada (primeira foto), agredida e violentada.
Vamos continuar cobrando do Conar uma posição, a cada vez que nos deparamos com uma propaganda racista ou misógina, como foi o caso acima, vimos que é um caminho viável. Mas é necessário que esses processos sejam agilizados, senão, a credibilidade da instituição também fica seriamente abalada.
Da minha parte, farei sempre boicote à Triton.  Tem tantas opções, pra quê escolher uma que explora irresponsavelmente e não leva a sério algo tão importante para as mulheres brasileiras?

By    sindromedeestocolmo.com/category/violencia/

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Esperamos que essa postagens tenha sido eficiente. Caso você tenha algum interessante ou opinião não deixe de compartilhar conosco nos comentários!

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